Quem é esse cara?

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Por Claudio C. D’Orazio - Incluindo-me em análise de uma vida mal dormida, Afonso disse que nós que havíamos sido quase artistas, sabíamos do que se tratava. Não concordei, exatamente, com aquilo, mas nada disse. Digo agora... Ao Afonso, tudo interessa. Música, dança, literatura, pintura, escultura, dramaturgia, o sexo das formigas, os vulcões, as tartarugas, todas as palavras, outras palavras, todos os povos, enfim, todas as coisas... Trata-se de um apaixonado, assim, poderia discorrer sobre qualquer coisa, com algum conhecimento. Ligar-me a ele, como quase artista, foi de uma gentileza enorme. Somente os que não dormem, motivados por tamanha paixão podem usufruir de definição tão complexa. Questiono-me mesmo assim o que vem a ser um artista e por conseguinte um quase-artista. Em minha análise modesta, o Afonso sempre foi um grande artista, não publicado, entretanto,agora sendo resolvido. Seus desenhos, seus poemas suas críticas artísticas influenciaram-me de uma forma marcante, decisiva, por onde vou o carrego comigo, vocês, doravante, o carregarão com certeza, sendo marcados por sua criatividade e multiplicidade, é o que pensa e deseja este aspirante a quase-artista.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

II D e s e n c o n t r o s (continuação)

 Ao voltar Toninho Malva tomou ciência de tudo que falavam pela cidade e decidiu que seria melhor que Sofia também se afastasse. Por sua influência, havia eleito um primo Governador do Ceará. Telefonou a ele dizendo que mandaria Sofia passar uns tempos em Fortaleza.
Por mais que essa não fosse a vontade da menina, obedeceu as ordens do pai. Arrumou suas coisas, não sem antes conseguir o endereço de Tia Dita. Ao chegar em Fortaleza a primeira coisa que faria era escrever para Vitório.
O piloto avisou que estavam em solo cearense, Sofia foi uma das primeiras a sair do avião. Ao descer os primeiros degraus, sentiu um vento frio, foi quando percebeu que estava nua diante da grande janela da suíte.
Entrou no banho e deixou que a forte ducha massageasse o seu corpo. Saiu do banho, fisicamente revigorada, mas com sentimento de vaga e doce tristeza que compraz e favorece o devaneio e a meditação...
Preparou para si uma xícara de café, foi até a varanda de sua cobertura de onde avistava toda a orla. Surpreendeu-se pensando em Vitorio, coisa que não acontecia desde o dia que se convencera que Vitorio a havia esquecido: Como ele pode me esquecer tão rápido, por que não respondeu nenhuma de minhas cartas, mesmo que fosse para dizer que estava enganado e não me amava...
Sofia terminou seu café e encaminhou-se para a suite para arrumar as malas. Apanhou no closet uma pequena frasqueira e colocou seus objetos de higiene pessoal. Neste instante, Maria entrou no dormitório um pouco assustada:
Bom dia, Sofia! Acho que dormi demais.
Não se preocupe, Maria, fui eu quem nem dormi, estou as claras a noite toda, faça-me um favor, arrume minhas malas, enquanto ponho uma roupa, e peça ao Souza que prepare o carro. Ligue para o aeroporto e confirme que usarei o avião. Arrume suas malas também, passaremos uns dias na Bahia. Preciso recarregar minhas energias, não há melhor lugar, senão em Ilhéus para isto. Ficarei uns dias em Jericozinho, tenho que exorcizar alguns fantasmas...
Maria ainda meio tonta com tanta informação, tanta novidade, indagou: O Doutor Jairo irá conosco, devo arrumar as malas dele também?
Não, Maria eu vou só. Ou melhor, arrume sim, o Jairo passará aqui mais tarde para apanhá-las, ele esta se mudando para um apart-hotel.
Nas duas horas seguintes, Sofia deu vários telefonemas, orientando sua secretária e seus assessores para os dias que se ausentaria do Rio de Janeiro. Ligou para seu irmão em Nova Iorque dizendo que estaria em Ilhéus e que gostaria de estar com ele na primeira oportunidade: Seu pedido é uma ordem, em duas semanas estarei no Brasil e irei direto me encontrar contigo.

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