Quem é esse cara?

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Por Claudio C. D’Orazio - Incluindo-me em análise de uma vida mal dormida, Afonso disse que nós que havíamos sido quase artistas, sabíamos do que se tratava. Não concordei, exatamente, com aquilo, mas nada disse. Digo agora... Ao Afonso, tudo interessa. Música, dança, literatura, pintura, escultura, dramaturgia, o sexo das formigas, os vulcões, as tartarugas, todas as palavras, outras palavras, todos os povos, enfim, todas as coisas... Trata-se de um apaixonado, assim, poderia discorrer sobre qualquer coisa, com algum conhecimento. Ligar-me a ele, como quase artista, foi de uma gentileza enorme. Somente os que não dormem, motivados por tamanha paixão podem usufruir de definição tão complexa. Questiono-me mesmo assim o que vem a ser um artista e por conseguinte um quase-artista. Em minha análise modesta, o Afonso sempre foi um grande artista, não publicado, entretanto,agora sendo resolvido. Seus desenhos, seus poemas suas críticas artísticas influenciaram-me de uma forma marcante, decisiva, por onde vou o carrego comigo, vocês, doravante, o carregarão com certeza, sendo marcados por sua criatividade e multiplicidade, é o que pensa e deseja este aspirante a quase-artista.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

II D e s e n c o n t r o s

Quando os primeiros raios de sol lambiam seu rosto, Sofia percebeu que já amanhecia, saiu do pequeno sofá da biblioteca no qual passara a noite perdida em suas lembranças, caminhou até cozinha e preparou para si um café. Enquanto a cafeteira efetuava sua operação matinal, foi para suíte tomar um banho. Ainda estava sob o torpor da decisão que tomara na noite passada. O fim de um casamento sempre é carregado de dor, mesmo quando não há outra saída.
A conversa com Jairo foi difícil, ela sabia o quanto ele a amava. A relação dos dois, sempre fora cercada de muito carinho, respeito e cumplicidade, mas Sofia, ainda assim não se completava, não conseguia devolver na mesma proporção o amor e carinho que ele lhe proporcionava. Decidiu então deixá-lo antes que sentimentos como, a mágoa, o rancor, o ressentimento e até mesmo o ódio começasse a fazer parte daquela relação que duravam três anos.
Lentamente despiu seu corpo branco como a neve, sentiu as lágrimas que misturadas a chuva, banhavam seu rosto ao ouvir o apito do barco que se afastava. O sol já ia baixando, a noite chegava de mansinho quando Maria Alice, irmã de Vito, apareceu com um manto nas mãos e cobriu-lhe a nudez, Vamos até minha casa, tenho roupas secas que lhe servirá.
A dor era maior do que imaginara, Oh Alice não sabia que o amor doía tanto assim. Sofia caminhava ao lado de Licinha sob os olhares atônitos da cidade que cochichavam coisas ao pé do ouvido. Sofia sentia que lhe tiravam um pedaço, que nunca mais seria completa. Vito sempre dizia Somos dois ao mesmo tempo em que somos um ser. A dor maior que sentia não era a da separação, mas sentia que aquela teria sido a última vez.  Somos dois ao mesmo tempo em que somos um ser só, dizia ela dentro de si.

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